eleições 2018

Jair Bolsonaro é o novo presidente do Brasil

Foto: Bruna Prado

O Brasil elegeu, neste domingo, quem será o próximo presidente, a partir de 2019. Com mais de 55% dos votos válidos, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito, contra pouco mais de 43% de Fernando Haddad (PT). O capitão reformado do Exército, que tem 63 anos, é deputado federal pelo Rio de Janeiro há 25 anos. Está no sétimo mandato e no seu nono partido. Fenômeno nas redes, é o mais polêmico dos 13 candidatos que concorreram à Presidência. Com discurso conservador identificado com a extrema-direita, recebeu apoio de evangélicos, ruralistas e de grande parte do empresariado, além de militares e setores que defendem o regime militar implantado no país de 1964 a 1985. Entre seus seguidores mais entusiasmados, é chamado de "Mito". 

No primeiro turno, foi vítima de um atentado a faca em 6 de setembro, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), e ficou 23 dias internado. Embora longe das ruas, sua campanha ganhou força nas redes sociais a ponto de gerar um contramovimento conhecido como #Elenão.

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O discurso de guerra contra bandidos e pela revogação do Estatuto do Desarmamento, aliado ao apelo moralista "em nome de Deus e da família", caiu no agrado de amplos setores do eleitorado. Taxado de homofóbico, racista, nacionalista ao extremo (xenofobia), machista e misógino (com aversão às mulheres), ele buscou amenizar discursos do passado.

Casado três vezes, o novo presidente tem cinco filhos, dos quais três estão na vida política: Eduardo (deputado federal), Flávio (deputado estadual no Rio) e Carlos (vereador no Rio). Nascido em Glicério (RJ), é casado com Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, 25 anos mais jovem e mãe de Laura, 7 anos, a caçula do capitão.

EM SANTA MARIA
Bolsonaro tem uma ligação direta com Santa Maria, onde esteve duas vezes na década de 1990 em visitas marcadas por polêmicas e atritos (leia mais abaixo). Em junho de 1993, foi homenageado por ter garantido, na Justiça, o direito de as filhas de militares receberem pensão até os 21 anos. Na época, o extinto jornal A Razão destacou que Bolsonaro defendia a implantação de um regime de exceção no Brasil. Já o também extinto Centro Sul publicou: "Bolsonaro, o pré-histórico: República Dinossaura exuma fóssil do Ai-5" (em uma referência ao Ato Institucional que endureceu o regime militar, em 1968).  

Em Santa Maria, o tenente reformado do Exército Heraclides Ourives da Luz, que recebeu Bolsonaro, define-o como "homem firme, honesto e simples". Vera Regina Ribas, na época assessora parlamentar, relembra:

- Ele sempre foi simples.

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O DIA EM QUE BOLSONARO PEDIU A VOLTA DOS MILITARES AO PODER, por José Mauro Batista*

No entardecer de 18 de junho de 1993, uma sexta-feira fria e cinzenta, o então capitão do Exército e deputado federal pelo PPR (atual PP) do Rio de Janeiro chegou à Câmara de Vereadores, onde foi recebido por uma legião de seguidores. Formado basicamente por militares reformados do Exército e por viúvas e filhas de militares, o público certamente era bem menor do que as multidões que o candidato do PSL arrastou pelo Brasil nestas eleições, mas era expressivo e lotou a Casa do Povo. 

Eu era repórter do jornal A Razão e fui cobrir a visita do parlamentar, que, já sabíamos, era polêmico. Na sala da Presidência da Câmara, entrevistei o deputado, que defendeu a volta dos militares ao comando do Brasil. Com linguagem belicista, disparou frases fortes e polêmicas, como "sou treinado para matar" e defendeu o regime militar de 1965 e o fechamento do Congresso até que fosse feita uma faxina para tirar políticos corruptos ou que não serviriam ao Brasil, que ele, Bolsonaro, sonhava. Também demonstrou seu apreço pelo governo ultraconservador de Alberto Fujimore, então presidente do Peru. A entrevista rendeu manchete da edição de final de semana dos dias 19 e 20 de junho de 1993 de A Razão.

As declarações ganharam repercussão a ponto de a Câmara dos Deputados abrir processo de cassação por falta de decoro parlamentar. O processo não deu em nada. A única resistência às suas ideias partiu dos vereadores, que revogaram o título de "Visitante ilustre" e concederam-lhe o de "Persona non grata, ou seja, não bem-vinda a Boca do Monte.

*Repórter de Política do Diário

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